terça-feira, agosto 15, 2006
dentes / teeth
Um dentista na minha boca é um construtor:
para além do ponto da possível higiene,
é necessário reconstruir,
erigir novos edifícios para substituir os antigos.
Tijolo e cimento fazem
o que o sabão é incapaz.
Cada vez que sorrio um pouco mais
é possível vislumbrar
vestígios de antigas civilizações,
alguns cobertos de densa vegetação.
Catedrais, templos, cemitérios,
pilares e menires apontam para céu.
Por vezes, quando como,
utensílios primitivos assomem à boca
caídos de um qualquer vale perdido,
por detrás de um molar,
onde os dinossauros
ainda andam livres...
-----
A dentist in my mouth is a constructor:
beyond the point of any cleaning,
it’s necessary to rebuild,
to erect new buildings to replace the old ones.
Brick and cement do
what soap is incapable.
Every time I smile a bit wider
it’s possible to see
remains of ancient civilizations,
some covered with dense vegetation.
Cathedrals, temples, cemeteries,
pillars and menhirs point to the sky.
Sometimes, when I eat,
primitive utensils emerge to my mouth,
fallen from some lost valley,
behind a molar,
where dinosaurs
still roam free…
terça-feira, maio 23, 2006
silêncio
in/define-se:
    p
               e
                            l
                                         o
                                                                 [vazio]
                                                                                                       )
é o que pomos silê(dentro dele)ncio
que nos diz, algo
terça-feira, março 28, 2006
Considering Time / Considerando o Tempo
Listening to / A Ouvir: Amália Rodrigues – A Tendinha
Starting with the idea, as proposed by some scientists, that Time is a dimension in which we can travel:
1. If Time is a dimension in which we can travel, then it would be possible to see the Future.
2. If it is possible to see the Future, then it is possible to change it, so we cannot see “The Future” but a possible future.
3. If we change the Future then:
3.1. Either we define the Universe with our actions and so it would be impossible to travel towards the future without changing it (which means we’re all time-travellers already: welcome to the future!) and travelling towards the past would make us an improbability (which is a paradox too complex for me to understand, but it seems to me to make it impossible to travel in that direction);
3.2. Or a new Time-Universe (a new timeline from the change point) is created, which I think we can discard if we take into account the infinite matter and energy necessary;
3.3. Or we travel into an already existing Time-Universe.
4. Taking into account that it would be impossible to anticipate which Time-Universes would have to exist, then all the possible Time-Universes would have to appear at the beginning of time.
5. If so, then it would be possible to travel transversally to Time, between Time-Universes, in a dimension defined by possibility.
Perhaps that’s what happens when we find the house keys in a place different than the one we were sure we’d left them or when someone we know so well behaves in a bizarre way…
Tomando como ponto de partida a ideia, proposta por alguns cientistas, de que o Tempo é uma dimensão navegável:
1. Se o Tempo é uma dimensão em que seria possível navegar, então é possível ver o Futuro.
2. Se é possível ver o Futuro, então é possível alterá-lo, assim, não podemos ver “O Futuro” mas um Futuro possível.
3. Se alterarmos o nosso Futuro, então:
3.1. Ou definimos o Universo com as nossas acções e, assim, seria impossível viajar para o futuro sem alterá-lo (o que quer dizer que já somos todos viajantes do tempo: bem-vindos ao futuro!) e viajar para o passado tornar-nos-ia numa improbabilidade (o que é um paradoxo muito complicado para eu o compreender, mas parece-me impossibilitar qualquer viagem nesse sentido);
3.2. Ou é criado um novo Universo-Tempo (uma nova linha de tempo no ponto da alteração), o que me parece que podemos descartar tendo em conta os gastos infinitos de energia e matéria;
3.3. Ou passamos para um Universo-Tempo que já existe.
4. Tendo em conta que não seria possível antecipar quais os Universos-Tempo que teriam de existir, então todos os Universos-Tempo possíveis teriam de surgir no início do tempo.
5. Sendo assim, seria possível navegar transversalmente ao tempo, entre Universos-Tempo, numa dimensão definida pela possibilidade.
Talvez seja isso que acontece quando as chaves de casa aparecem num sítio e temos a certeza de as ter guardado noutro ou quando alguém que conhecemos tão bem se comporta de forma tão bizarra...
sexta-feira, março 10, 2006
Syllogisms\Silogismos
If we are what we eat and we shit what we eat, then we are what we shit. So: I shit, therefore I am.
Se somos o que comemos e cagamos o que comemos, então somos o que cagamos. Por isso: Cago, logo existo.
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
Heart
After so much time trying to convince her of his love, she finally gave him her heart. Or what she thought was her heart. In reality, it was a small black pebble. Or maybe a lump of coal, who knows? He kept trying hard to hold it and warm it but he wasn't able to do either so after a while he just gave up.
Years after, he heard that all that time she kept giving quaint small objects she thought were her heart to her would-be lovers. She just didn't know better: she didn't know where her heart was.
domingo, janeiro 22, 2006
Num Momento / In a moment
From an effort of Eternity comes the corruption of Essence