quinta-feira, março 08, 2007

Perguntas sobre o feminismo

A ouvir: The Rapture - First Gear

Post com pouco sentido (um bocado cru)

"como redefinir um conceito? por oposição ao seu antónimo ou baseado na diferença entre os dois? como tentar redefinir um sem mudar o outro? ainda que seja possível construí-lo de forma parcial, será que todo o sistema de coordenadas não se altera e modifica todos os conceitos ligados a ele? será que as ligações entre conceitos são puramente culturais ou há uma corrente humana mais básica que define certos conceitos-base? como afecta o hiperreal o mapa conceptual? o aparecimento de uma fissão entre o mundo físico externo e o mental interno não é hiperreal? a inversão hiperreal não provoca que os conceitos se sobreponham ao físico, provocando mais desvios? como pode um conceito como o feminismo definir-se quando o conceito de género tem-se desintegrado em componentes conceptuais não baseados no físico? como integrar num movimento feminista novos géneros e a redifinição dos já existentes? parece ter de incluir a probabilidade de criar a sua obsolescência, mais: procurá-la. qualquer movimento de igualdade tem de buscar redefinição de sistemas conceptuais e de buscar o seu fim eliminando a sua necessidade. será que os movimentos que existem não pecam por não procurarem o seu fim?

no hiperreal qualquer sistema de organização (como a psicanálise) é válido e self-sustaining já que reduz tudo a si próprio e explica o que sai fora de si como estando em oposição/negação, rebatendo-o em si e justificando-o. tendo isto em conta, qualquer problemática/movimento pode ser definido e defendido ou (re)inventando conceitos ou usando os que quer alterar, com o efeito perverso de os reconhecer e reforçar nessa escolha. os movimentos iniciais do feminismo estavam demasiado marcados pelos conceitos vigentes (ainda que estes fossem diferentes em outras épocas/locais/culturas) ou pela diferença biológica."

"como é que nos definimos num género? dentro de conceitos pré-estabelecidos e dos seus opostos ou de formas não-convencionais? como é que se pode sair do registo da construção social e do preconceito e encontrarmos novos conceitos? toda a minha vida me defini como homem na capacidade de transformar uma mulher: primeiro pelo mito da fecundação, depois pelo mito da libertação sexual. sempre me vi como um agente de transformação em que a minha masculinidade era correspondente à mudança que era capaz de efectuar, à capacidade de realizar plenamente a mulher, com duas consequências: sempre estive de modo parcial nas relações e a minha acção tornava-me obsoleto. pior: em vez de ser feminista, a minha postura é de descriminação positiva, igual de machista, paternalista e condescendente que a existente há séculos. por isso: como podemos pensar e definirmo-nos dentro de determinados conceitos, neste caso de género, sem cairmos sempre nos eixos e maniqueísmos?"

"como pode um homem compreender as matizes da sexualidade de uma mulher (ou vice-versa)? são tão distintas uma da outra (ainda que possam temporariamente assumir os mesmos formatos/expressões) e parecem-nos igualmente absurdas e facilmente solucionáveis/ultrapassáveis quaisquer questões em relação ao outro (aumentado pela distorção da perspectiva) que por vezes magoamos o outro sem dar conta. no final, ainda que possamos perceber contornos, formatos e expressões, no fundo, acabamos sempre por não compreender. pode ser que haja uma base biológica para essa diferença, mas há também uma construção social que acentua a diferença e sobre a qual estão construídas algumas das noções de género"